31.1.06
Música Celestial
Na passada 6ª feira, dia 27 de Janeiro, a propósito da comemoração dos 250 anos do nascimento de Mozart ( 27-01-1756 - 05-12-1791 ), ouvimos durante todo o dia, nas Rádios e na TV, lemos nas Revistas e nos Jornais extensas referências a Mozart e à sua música genial.
Sem conhecimento específico desta Arte, que igualmente comporta muita técnica, tenho naturalmente direito a exprimir a minha opinião a este respeito.
Há muito que me encantei com a música de Mozart : das Sinfonias, aos Concertos para Piano, à sua Música de Câmara, à designada de Sacra, às Canções, às Óperas, de tudo isto me enamorei, tal o poder do génio de Mozart, capaz de transformar um leigo num seu infatigável apreciador.
Dos meus compositores favoritos, três considero absolutamente geniais – Bach, Vivaldi e Mozart – que nunca me canso de ouvir. Com a sua música a mente humana parece que se distende e o corpo como que levita, num enlevo indescritível.
Felizmente que só com estes três excelentes músicos é possível reunir muitas peças, formando uma discoteca considerável, capaz de proporcionar a qualquer ouvinte muitas e muitas horas de prazer, entretenimento e companhia sempre agradável.
Há quem dispute qual seja a música que se ouvirá nos Céus, nas Cortes Celestiais, quaisquer que sejam as formas que estas entidades tomem na imaginação de cada um. Qualquer música destes três génios que a Humanidade produziu, ou o seu Criador para ela, decerto fará as delícias dos eleitos habitantes daquelas etéras moradas.
Assim os Compositores presentes e futuros venham a emulá-los, para gáudio da nossa cansada e desorientada Humanidade, em lugar de nos brindarem com toneladas de ruídos estridentes, assimétricos e dissonantes, como acontece com muita da chamada música moderna, de Schonberg para cá.
Que lá onde se encontre o genial espírito de Wolfgang Amadeus Mozart ele se congratule, condescendente, com estas singelas palavras de um seu eternamente grato admirador.
AV_Lisboa, 31 de Janeiro de 2006
Sem conhecimento específico desta Arte, que igualmente comporta muita técnica, tenho naturalmente direito a exprimir a minha opinião a este respeito.
Há muito que me encantei com a música de Mozart : das Sinfonias, aos Concertos para Piano, à sua Música de Câmara, à designada de Sacra, às Canções, às Óperas, de tudo isto me enamorei, tal o poder do génio de Mozart, capaz de transformar um leigo num seu infatigável apreciador.
Dos meus compositores favoritos, três considero absolutamente geniais – Bach, Vivaldi e Mozart – que nunca me canso de ouvir. Com a sua música a mente humana parece que se distende e o corpo como que levita, num enlevo indescritível.
Felizmente que só com estes três excelentes músicos é possível reunir muitas peças, formando uma discoteca considerável, capaz de proporcionar a qualquer ouvinte muitas e muitas horas de prazer, entretenimento e companhia sempre agradável.
Há quem dispute qual seja a música que se ouvirá nos Céus, nas Cortes Celestiais, quaisquer que sejam as formas que estas entidades tomem na imaginação de cada um. Qualquer música destes três génios que a Humanidade produziu, ou o seu Criador para ela, decerto fará as delícias dos eleitos habitantes daquelas etéras moradas.
Assim os Compositores presentes e futuros venham a emulá-los, para gáudio da nossa cansada e desorientada Humanidade, em lugar de nos brindarem com toneladas de ruídos estridentes, assimétricos e dissonantes, como acontece com muita da chamada música moderna, de Schonberg para cá.
Que lá onde se encontre o genial espírito de Wolfgang Amadeus Mozart ele se congratule, condescendente, com estas singelas palavras de um seu eternamente grato admirador.
AV_Lisboa, 31 de Janeiro de 2006
26.1.06
A Música Portuguesa em Portugal
Recentemente, a propósito da aprovação no Parlamento de uma Lei que estabelece quotas mínimas obrigatórias de passagem de música portuguesa nas Rádios, tem-se falado da presença, ou antes, da ausência da música portuguesa nas emissoras de rádio em Portugal.
Logo na enunciação do tema, ele soa a qualquer coisa de absurdo. Pouca gente, por esse mundo fora, acharia a esta nossa particular situação como normal. Afinal, em que país nos encontramos ?
Em Portugal, porém, parece que, no capítulo da música, vivemos exilados, mendigando quotas dos responsáveis das rádios que nos permitam escutar um pouco de música portuguesa.
Note-se que não se apela à exlusividade, mas tão-só a uma reserva, um espaço mínimo, capaz de veicular algumas peças de música portuguesa, para satisfação, dir-se-ia, de um núcleo residual de saudosos inveterados que persistem em cultivar esse gosto, para muitos, pelo visto, despropositado, de escutar música portuguesa em Portugal. A isto chegámos.
Querem os desempoeirados rapazes que pontificam na Comunicação Social que a situação de desfavor, em que se encontra a música portuguesa, se deve a uma irremediável falta de qualidade da dita, em contraposição com a excelente categoria da restante música que sói ouvir-se, invariavelmente de origem estrangeira, obviamente de indisputável qualidade.
Haveria até, quem sabe, uma congénita malformação no espírito dos portugueses que os tornaria incapazes de produzir música ligeira de qualidade.
Tudo isto seria ridículo se não fosse trágico, sintomático do estado de espírito confuso, equivocado, sem discernimento, que caiu sobre as cabeças de parte significativa de nossos compatriotas.
Bem lhes podemos apresentar argumentos, provas, exemplos, modelos, etc., que dificilmente lhes faremos entrar na caixa craniana, neste domínio, uma só ideia razoável que seja.
Sem necessidade sequer de arvorar sentimentos de patriotismo, por mais legítimos que se nos afigurem, na Rádio, nas presentes circunstâncias absurdas em que nos achamos, faz todo o sentido impor uma quota mínima de música nacional.
Em quase toda a parte, sem ser necessário criar uma Lei para o efeito, isto é, para difundir preferencialmente música nacional, esta é tratada com especial atenção, dando-se-lhe prioridade, a começar aqui ao lado, na nossa vizinha Espanha. A discussão da qualidade, alegadamente fraca, da música portuguesa, é um sofisma que não resiste à mais modesta análise.
A maior parte da música estrangeira que passam, anglo-saxónica, tem baixa qualidade, como quem quer que esteja atento ao fenómeno pode confirmar. E, então, sobre a qualidade das letras dessas canções, nem é bom falar. Quando se consegue entendê-las, comprova-se a sua inanidade, a sua pobreza de ideias e de sentimentos, repetitiva por demasia e de teor cultural elementaríssimo, por vezes parece que concebidas para débeis mentais. Porquê condescender aqui, na música estrangeira, e exigir o contrário na nacional ?
A comparação com a literatura, feita por alguns, não tem neste caso nenhum cabimento. São coisas completamente diferentes.
Se não privilegiarmos a música nacional, na nossa Rádio, corremos, em primeiro lugar, o risco de desabituar o ouvinte português de a escutar, de a apreciar, criando até uma espécie de complexo, que pode até resultar em aversão, mesmo em relação à que tenha qualidade.
Pode alguém que nunca ouviu Mozart ter opinião, ainda por cima desfavorável, sobre a sua música ?
Antes do mais, é preciso, primeiro, ouvi-la, para que depois surja o conhecimento e, mais tarde, o gosto, com a consequente adesão, pelo menos para uma parte apreciável da população.
A perda de contacto com a música portuguesa fará da população portuguesa, a prazo, uma massa de gente desmunida de alguns fundamentais elementos de identificação cultural.
Os jovens, principalmente, ficarão sem referências da música do seu país, da sua cultura, e tornar-se-ão presas fáceis de qualquer mixórdia bem comercializada que lhes apresentem.De resto, já nos aproximámos demasiado deste estado de coisas.
Um povo que não preserve a sua cultura está destinado a desaparecer ou a ser colonizado por outras mais agressivas, menos complexadas, quer tenham ou não qualidade intrínseca. Isto não significa que nos fechemos aos contributos culturais, musicais, alheios. Nada disso, mas não deveremos tão-pouco cair em ingenuidades suicidárias.
Isto que parece de elementar bom senso, torna-se de muito difícil aceitação para uma parte significativa dos nossos modernaços responsáveis da Comunicação Social, que se espantarão, por certo, de que haja quem ainda goste de ouvir cantar em Português, depois do seu laborioso empenho na desmemoriação compulsiva do auditório nacional.
Como remate deste dignificante objectivo, há, em Portugal, quem já só se digne cantar em Inglês, achando mesmo inconcebível o uso, para fins musicais, da Língua Portuguesa, como se antes tivessem experimentado e concluído da sua completa inaptidão ; como se tivessem tal familiaridade com o inglês que naturalmente o utilizassem para a sua produção literária, atingindo as letras, que essas cosmopolitas meninges segregam, os píncaros da perfeição.
Gente que, falando desde a infância o português, estudando-o desde a Escola Primária, revela tão pouca perícia no seu domínio, pretende convencer-nos que, apenas com alguns anos de precária aprendizagem do inglês, se encontra habilitada a fazer dele a sua língua de trabalho, pelo menos, musical. Quem ousa impingir-nos tal absurdo ?
Outros, mais sofisticados, alegarão que é tudo uma questão de Mercado, que assim se ampliará para eles e que o mesmo se encarregará de impor a qualidade, ganhando a preferência do público os melhores autores musicais, as melhores canções, numa candura de impressionante comoção.
Em concomitância, a moda prevalecente de que o Mercado e apenas ele é que dita, inexoravelmente, a qualidade de qualquer produto material ou cultural revela-se um embuste grosseiro, que urge desmistificar, em particular nos sectores culturais, onde imensa mediocridade se tem afirmado graças ao uso de técnicas subtis de publicidade, sustentadas por bem montadas máquinas de distribuição comercial.
Todo esse vasto arsenal de recursos actuando conjugadamente, com perícia apurada, acaba por impor, em grande medida, a preferência da mediocridade no consumo cultural das multidões, que, individualmente, julgam exercer soberanamente uma distinta opção pessoal.
Nisto consiste a subtileza e, naturalmente, a eficácia do Marquetingue, ou Marketing, para os mais excelsos, felizmente, com algumas lacunas pelo meio, por onde falha a sua final pretensão de nos condicionar em absoluto, ainda assim, com assinalável sucesso.
No caso da música, parece evidente que, se não se educar o gosto, se não se der oportunidade à expressão da música portuguesa, nas Rádios e nas TV, se esta não for oferecida em quantidade significativa, dificilmente se alcançará a desejada qualidade, que, não obstante, existe, em proporção semelhante à que encontramos na música estrangeira maioritariamente escutada.
Atente-se ainda que, quando não havia destes complexos anti-nacionais, a música portuguesa era geralmente ouvida com agrado e tinha melhor qualidade. Basta comparar as canções portuguesas que, ao longo de décadas, nos representaram no Festival da Eurovisão. A sua qualidade tem decaído continuamente dos anos 60 para cá.
Deverá, por isso, concluir-se que os autores e compositores portugueses têm perdido inspiração ?
E se os nossos futuros escritores aderirem ao uso do inglês ou do espanhol, nas suas produções literárias, que acham vocelências que sucederá à Língua Portuguesa, em Portugal, pelo menos, admitindo que o mesmo absurdo não se observe nos demais países que a têm por tradição e opção como língua oficial ?
Ai,Portugal, Portugal... Melhores fados te fadem, que estes que presentemente te descortinamos...
AV_Lisboa, 25 de Janeiro de 2006
Logo na enunciação do tema, ele soa a qualquer coisa de absurdo. Pouca gente, por esse mundo fora, acharia a esta nossa particular situação como normal. Afinal, em que país nos encontramos ?
Em Portugal, porém, parece que, no capítulo da música, vivemos exilados, mendigando quotas dos responsáveis das rádios que nos permitam escutar um pouco de música portuguesa.
Note-se que não se apela à exlusividade, mas tão-só a uma reserva, um espaço mínimo, capaz de veicular algumas peças de música portuguesa, para satisfação, dir-se-ia, de um núcleo residual de saudosos inveterados que persistem em cultivar esse gosto, para muitos, pelo visto, despropositado, de escutar música portuguesa em Portugal. A isto chegámos.
Querem os desempoeirados rapazes que pontificam na Comunicação Social que a situação de desfavor, em que se encontra a música portuguesa, se deve a uma irremediável falta de qualidade da dita, em contraposição com a excelente categoria da restante música que sói ouvir-se, invariavelmente de origem estrangeira, obviamente de indisputável qualidade.
Haveria até, quem sabe, uma congénita malformação no espírito dos portugueses que os tornaria incapazes de produzir música ligeira de qualidade.
Tudo isto seria ridículo se não fosse trágico, sintomático do estado de espírito confuso, equivocado, sem discernimento, que caiu sobre as cabeças de parte significativa de nossos compatriotas.
Bem lhes podemos apresentar argumentos, provas, exemplos, modelos, etc., que dificilmente lhes faremos entrar na caixa craniana, neste domínio, uma só ideia razoável que seja.
Sem necessidade sequer de arvorar sentimentos de patriotismo, por mais legítimos que se nos afigurem, na Rádio, nas presentes circunstâncias absurdas em que nos achamos, faz todo o sentido impor uma quota mínima de música nacional.
Em quase toda a parte, sem ser necessário criar uma Lei para o efeito, isto é, para difundir preferencialmente música nacional, esta é tratada com especial atenção, dando-se-lhe prioridade, a começar aqui ao lado, na nossa vizinha Espanha. A discussão da qualidade, alegadamente fraca, da música portuguesa, é um sofisma que não resiste à mais modesta análise.
A maior parte da música estrangeira que passam, anglo-saxónica, tem baixa qualidade, como quem quer que esteja atento ao fenómeno pode confirmar. E, então, sobre a qualidade das letras dessas canções, nem é bom falar. Quando se consegue entendê-las, comprova-se a sua inanidade, a sua pobreza de ideias e de sentimentos, repetitiva por demasia e de teor cultural elementaríssimo, por vezes parece que concebidas para débeis mentais. Porquê condescender aqui, na música estrangeira, e exigir o contrário na nacional ?
A comparação com a literatura, feita por alguns, não tem neste caso nenhum cabimento. São coisas completamente diferentes.
Se não privilegiarmos a música nacional, na nossa Rádio, corremos, em primeiro lugar, o risco de desabituar o ouvinte português de a escutar, de a apreciar, criando até uma espécie de complexo, que pode até resultar em aversão, mesmo em relação à que tenha qualidade.
Pode alguém que nunca ouviu Mozart ter opinião, ainda por cima desfavorável, sobre a sua música ?
Antes do mais, é preciso, primeiro, ouvi-la, para que depois surja o conhecimento e, mais tarde, o gosto, com a consequente adesão, pelo menos para uma parte apreciável da população.
A perda de contacto com a música portuguesa fará da população portuguesa, a prazo, uma massa de gente desmunida de alguns fundamentais elementos de identificação cultural.
Os jovens, principalmente, ficarão sem referências da música do seu país, da sua cultura, e tornar-se-ão presas fáceis de qualquer mixórdia bem comercializada que lhes apresentem.De resto, já nos aproximámos demasiado deste estado de coisas.
Um povo que não preserve a sua cultura está destinado a desaparecer ou a ser colonizado por outras mais agressivas, menos complexadas, quer tenham ou não qualidade intrínseca. Isto não significa que nos fechemos aos contributos culturais, musicais, alheios. Nada disso, mas não deveremos tão-pouco cair em ingenuidades suicidárias.
Isto que parece de elementar bom senso, torna-se de muito difícil aceitação para uma parte significativa dos nossos modernaços responsáveis da Comunicação Social, que se espantarão, por certo, de que haja quem ainda goste de ouvir cantar em Português, depois do seu laborioso empenho na desmemoriação compulsiva do auditório nacional.
Como remate deste dignificante objectivo, há, em Portugal, quem já só se digne cantar em Inglês, achando mesmo inconcebível o uso, para fins musicais, da Língua Portuguesa, como se antes tivessem experimentado e concluído da sua completa inaptidão ; como se tivessem tal familiaridade com o inglês que naturalmente o utilizassem para a sua produção literária, atingindo as letras, que essas cosmopolitas meninges segregam, os píncaros da perfeição.
Gente que, falando desde a infância o português, estudando-o desde a Escola Primária, revela tão pouca perícia no seu domínio, pretende convencer-nos que, apenas com alguns anos de precária aprendizagem do inglês, se encontra habilitada a fazer dele a sua língua de trabalho, pelo menos, musical. Quem ousa impingir-nos tal absurdo ?
Outros, mais sofisticados, alegarão que é tudo uma questão de Mercado, que assim se ampliará para eles e que o mesmo se encarregará de impor a qualidade, ganhando a preferência do público os melhores autores musicais, as melhores canções, numa candura de impressionante comoção.
Em concomitância, a moda prevalecente de que o Mercado e apenas ele é que dita, inexoravelmente, a qualidade de qualquer produto material ou cultural revela-se um embuste grosseiro, que urge desmistificar, em particular nos sectores culturais, onde imensa mediocridade se tem afirmado graças ao uso de técnicas subtis de publicidade, sustentadas por bem montadas máquinas de distribuição comercial.
Todo esse vasto arsenal de recursos actuando conjugadamente, com perícia apurada, acaba por impor, em grande medida, a preferência da mediocridade no consumo cultural das multidões, que, individualmente, julgam exercer soberanamente uma distinta opção pessoal.
Nisto consiste a subtileza e, naturalmente, a eficácia do Marquetingue, ou Marketing, para os mais excelsos, felizmente, com algumas lacunas pelo meio, por onde falha a sua final pretensão de nos condicionar em absoluto, ainda assim, com assinalável sucesso.
No caso da música, parece evidente que, se não se educar o gosto, se não se der oportunidade à expressão da música portuguesa, nas Rádios e nas TV, se esta não for oferecida em quantidade significativa, dificilmente se alcançará a desejada qualidade, que, não obstante, existe, em proporção semelhante à que encontramos na música estrangeira maioritariamente escutada.
Atente-se ainda que, quando não havia destes complexos anti-nacionais, a música portuguesa era geralmente ouvida com agrado e tinha melhor qualidade. Basta comparar as canções portuguesas que, ao longo de décadas, nos representaram no Festival da Eurovisão. A sua qualidade tem decaído continuamente dos anos 60 para cá.
Deverá, por isso, concluir-se que os autores e compositores portugueses têm perdido inspiração ?
E se os nossos futuros escritores aderirem ao uso do inglês ou do espanhol, nas suas produções literárias, que acham vocelências que sucederá à Língua Portuguesa, em Portugal, pelo menos, admitindo que o mesmo absurdo não se observe nos demais países que a têm por tradição e opção como língua oficial ?
Ai,Portugal, Portugal... Melhores fados te fadem, que estes que presentemente te descortinamos...
AV_Lisboa, 25 de Janeiro de 2006
24.1.06
As Virtudes Ancestrais
Deixo aqui por ora apenas um curto apontamento sobre a eleição presidencial do passado domingo : Cavaco ganhou quase só pelas qualidades não políticas, no sentido comum que lhes dão os mandaretes partidários.
Cavaco afugentou o mais que pôde os líderes dos dois partidos que o apoiavam, andou quase sempre solitário em campanha, debitou um discurso simples, elementar, até repetitivo, sem vislumbre de assomo intelectual. Os portugueses reconheceram nele o homem sério, competente, trabalhador e cumpridor da sua palavra. Tanto bastou. Isto não lhes diz nada ?
AV_Lisboa, 24 de Janeiro de 2006
Cavaco afugentou o mais que pôde os líderes dos dois partidos que o apoiavam, andou quase sempre solitário em campanha, debitou um discurso simples, elementar, até repetitivo, sem vislumbre de assomo intelectual. Os portugueses reconheceram nele o homem sério, competente, trabalhador e cumpridor da sua palavra. Tanto bastou. Isto não lhes diz nada ?
AV_Lisboa, 24 de Janeiro de 2006
8.1.06
Um Grande Amigo da Música
Há tempos que ando com a ideia de escrever um pequeno apontamento sobre um programa da Rádio Difusão Portuguesa – RDP – Antena 1, intitulado «O Amigo da Música», da autoria de José Nuno Martins.
Por compromisso pessoal, não consigo ouvir este programa na sua totalidade aos Domingos de manhã, entre as 11h00 e o meio-dia. Parece que o repetem à noite, mas esqueço-me da hora e, normalmente, perco também esta oportunidade.
Acontece que este programa é absolutamente notável, para quem aprecia música ligeira, não subordinada aos critérios massificados das grandes marcas discográficas, inteiramente dominadas pela pauta anglo-saxónica, sobretudo norte-americana.
José Nuno Martins, com o seu gosto apurado, o seu conhecimento profundo das melodias que foram tocadas pela inspiração criativa dos seus autores, para agradarem a mais do que a uma geração, aliado a um corajoso critério, tem teimado em recuperar, para a nossa memória e para os nossos deleitados ouvidos, canções portuguesas, brasileiras, italianas, francesas, espanholas, latino-americanas, sobretudo, que há muito deixaram de se ouvir nas rádios do Estado e privadas em Portugal.
Já lhe apanhei sessões dedicadas à música italiana, do tempo dos festivais de S. Remo, onde pontificaram nomes como Domenico Modugno, Gigliola Cinquetti, Nicola Di Bari, Adriano Celentano, Gianni Morandi, Sergio Endrigo, Boby Solo, Eduardo Vianello, Claudio Villa, etc., nomes que fizeram lenda, na arte de encantar e mover corações, em muitas casas e, em particular, em inúmeros salões de Bailes e Verbenas de Portugal e do Mundo.
Igualmente lhe escutei sessões especiais votadas à música francesa, evocando vultos da canção, como Edith Piaf, Yves Montand, Aznavour, Bécaud, Nicoletta, Françoise Hardy, Joe D’Assin, Léo Ferré, Mireille Mathieu, Jullitte Greco, Jacques Brel, Adamo, estes dois últimos belgas, de língua francesa, cantores todos eles, que marcaram uma época áurea da canção ligeira em todo o mundo.
Quase sempre estas canções assentavam numa melodia cativante, envolvente, rica de elementos, que ficava no ouvido, servida normalmente por letras de valor poético, algumas mesmo de excelente qualidade poética, que elevavam o nível de exigência do ouvinte, afeiçoando-lhe o gosto a temas mais evoluídos, sem cair em exageros de intelectualite descabida.
No campo da música portuguesa, também nos tem brindado com as belas canções de Carlos do Carmo, Carlos Mendes, Fernando Tordo, Fausto, Sérgio Godinho, Vitorino e nomes mais antigos como Tristão da Silva, Francisco José, João Maria Tudela, Simone de Oliveira, Madalena Iglésias, fadistas como Alfredo Marceneiro, Amália, Maria Teresa de Noronha e tantos outros que, por inexplicável razão, raras vezes são passados nos programas actuais da Rádio, cortando um elo imprescindível da nossa memória colectiva, que assim ficará com um enorme vazio, porque desconhecerá valores que pertencem por direito próprio ao nosso património cultural popular.
Pouca gente, entre nós, parece dar atenção a este aspecto da desmemoriação colectiva que vai crescendo, sobretudo no que se refere às coisas da nossa terra, mas também às de outras culturas com as quais tínhamos fortes ligações.
Com o actual predomínio, já asfixiante, da cultura anglo-saxónica todos nos empobrecemos, em Portugal, na Europa e no resto do Mundo. Nada ganhamos com esta uniformização cultural. É absolutamente urgente conceber programas que reabilitem as culturas populares europeias, para que não seja só conhecida a cultura popular americana, especialmente a da música e a do cinema de massas, em grande parte, sem qualidade, perigosamente embrutecedoras e alienantes.
É certo que nem tudo o que é americano é mau, mas, neste aspecto da cultura popular, o domínio do reles e do alienante é avassalador e deveria ser contrariado, não deixando ao inimputável Mercado a responsabilidade da preponderância do gosto rasca, principalmente quando verificamos que o dito Mercado está sob permanente manipulação.
Houvesse mais intervenientes da estirpe de José Nuno Martins e o panorama mudaria por certo. Por isso, modestamente, aqui o distingo, elogiando o seu trabalho corajoso, numa época em que poucos se arriscam a contrariar a chamada tendência do Mercado, antes ajustando as ideias e atitudes com as da suposta maioria mandante, com os resultados que vamos observando.
AV_Lisboa, 08 de Janeiro de 2006
Por compromisso pessoal, não consigo ouvir este programa na sua totalidade aos Domingos de manhã, entre as 11h00 e o meio-dia. Parece que o repetem à noite, mas esqueço-me da hora e, normalmente, perco também esta oportunidade.
Acontece que este programa é absolutamente notável, para quem aprecia música ligeira, não subordinada aos critérios massificados das grandes marcas discográficas, inteiramente dominadas pela pauta anglo-saxónica, sobretudo norte-americana.
José Nuno Martins, com o seu gosto apurado, o seu conhecimento profundo das melodias que foram tocadas pela inspiração criativa dos seus autores, para agradarem a mais do que a uma geração, aliado a um corajoso critério, tem teimado em recuperar, para a nossa memória e para os nossos deleitados ouvidos, canções portuguesas, brasileiras, italianas, francesas, espanholas, latino-americanas, sobretudo, que há muito deixaram de se ouvir nas rádios do Estado e privadas em Portugal.
Já lhe apanhei sessões dedicadas à música italiana, do tempo dos festivais de S. Remo, onde pontificaram nomes como Domenico Modugno, Gigliola Cinquetti, Nicola Di Bari, Adriano Celentano, Gianni Morandi, Sergio Endrigo, Boby Solo, Eduardo Vianello, Claudio Villa, etc., nomes que fizeram lenda, na arte de encantar e mover corações, em muitas casas e, em particular, em inúmeros salões de Bailes e Verbenas de Portugal e do Mundo.
Igualmente lhe escutei sessões especiais votadas à música francesa, evocando vultos da canção, como Edith Piaf, Yves Montand, Aznavour, Bécaud, Nicoletta, Françoise Hardy, Joe D’Assin, Léo Ferré, Mireille Mathieu, Jullitte Greco, Jacques Brel, Adamo, estes dois últimos belgas, de língua francesa, cantores todos eles, que marcaram uma época áurea da canção ligeira em todo o mundo.
Quase sempre estas canções assentavam numa melodia cativante, envolvente, rica de elementos, que ficava no ouvido, servida normalmente por letras de valor poético, algumas mesmo de excelente qualidade poética, que elevavam o nível de exigência do ouvinte, afeiçoando-lhe o gosto a temas mais evoluídos, sem cair em exageros de intelectualite descabida.
No campo da música portuguesa, também nos tem brindado com as belas canções de Carlos do Carmo, Carlos Mendes, Fernando Tordo, Fausto, Sérgio Godinho, Vitorino e nomes mais antigos como Tristão da Silva, Francisco José, João Maria Tudela, Simone de Oliveira, Madalena Iglésias, fadistas como Alfredo Marceneiro, Amália, Maria Teresa de Noronha e tantos outros que, por inexplicável razão, raras vezes são passados nos programas actuais da Rádio, cortando um elo imprescindível da nossa memória colectiva, que assim ficará com um enorme vazio, porque desconhecerá valores que pertencem por direito próprio ao nosso património cultural popular.
Pouca gente, entre nós, parece dar atenção a este aspecto da desmemoriação colectiva que vai crescendo, sobretudo no que se refere às coisas da nossa terra, mas também às de outras culturas com as quais tínhamos fortes ligações.
Com o actual predomínio, já asfixiante, da cultura anglo-saxónica todos nos empobrecemos, em Portugal, na Europa e no resto do Mundo. Nada ganhamos com esta uniformização cultural. É absolutamente urgente conceber programas que reabilitem as culturas populares europeias, para que não seja só conhecida a cultura popular americana, especialmente a da música e a do cinema de massas, em grande parte, sem qualidade, perigosamente embrutecedoras e alienantes.
É certo que nem tudo o que é americano é mau, mas, neste aspecto da cultura popular, o domínio do reles e do alienante é avassalador e deveria ser contrariado, não deixando ao inimputável Mercado a responsabilidade da preponderância do gosto rasca, principalmente quando verificamos que o dito Mercado está sob permanente manipulação.
Houvesse mais intervenientes da estirpe de José Nuno Martins e o panorama mudaria por certo. Por isso, modestamente, aqui o distingo, elogiando o seu trabalho corajoso, numa época em que poucos se arriscam a contrariar a chamada tendência do Mercado, antes ajustando as ideias e atitudes com as da suposta maioria mandante, com os resultados que vamos observando.
AV_Lisboa, 08 de Janeiro de 2006